Nota-se um grande movimento da mídia, empresas e comunidades em torno do investimento em ações no Brasil. O assunto é pauta das principais revistas de variedades do país e está presente em inúmeros encartes especiais de revistas masculinas e de entretenimento. Parece que virou febre. Não cabe aqui analisar o fenômeno editorial, mas sim a polêmica em torno do real benefício do investimento em empresas listas na Bovespa.
Não é difícil reparar que a noção de rentabilidade está bastante conturbada nestes tempos de crise. Pipocam livros com dicas para ótimos trades (compra e venda de ações) no mercado e acabamos por ficar com a impressão de que investir em ações é garantia de dinheiro fácil. A falta de experiência não inibe investidores novatos, que se orgulham de manter quase que todo o seu patrimônio lastrado em ações. Uma crise, uma faísca e a recuperação pode ser demorada e dolorosa.
Com a economia nacional estável, inflação sob controle e taxas de juros mais baixas, as rentabilidades de diversos produtos bancários comuns não mais nos atrai. Não é exagero dizer que para manter (durante os anos vindouros) rentabilidades próximas de 15% ao ano teremos todos que manter, ainda que em pouca porcentagem, ações em nossas carteiras de longo prazo. No entanto, voltando a tocar o chão com os pés, é claro que informação de qualidade e conhecimento são fundamentais para decisões acertadas.
Muitos não compreendem a lógica por trás dos preços das ações. De uma forma simplista, seu valor reflete as expectativas dos investidores e acionistas diante das perspectivas da empresa, notadas através das demonstrações de resultados e projeções. Muito cuidado com a falácia do especulador (uma espécie de “cartomante” no mundo da economia). Ganhar dinheiro da noite para dia pode ser tão fácil quanto perder tudo de uma hora para a outra. Prefira trabalhar de forma mais coerente e administre melhor seu risco.
Deixando de lado o movimento manada – aquele que simplesmente leva as pessoas a imitarem a atitude de outros investidores -, procure encarar a compra de uma ação como uma verdadeira sociedade, aliança. Compre porque acredita na empresa e faça questão de usar e recomendar seus produtos. Como principal recomendação para quem deseja participar do mercado acionário, reitero a necessidade de aprender a pensar no longo prazo e evitar trades curtos quando não se tem experiência ou conhecimento para tal.
Investir em ações pode ser uma ótima pedida para diversificar seus investimentos. Lembre-se de:
- Levar em conta sua aversão ao risco e respeitar sua estratégia ao decidir-se pela compra de ações;
- Não investir todo o seu dinheiro em uma só ação. Costumo recomendar que os investidores comprem lotes de pelo menos 3 empresas, de setores diferentes;
- Manter sempre um histórico detalhado de suas operações. Isso facilita o entendimento do mercado e o controle de IR e taxas de corretagem;
- Focar no longo prazo;
Aproveito para agradecer ao Bernardo pela oportunidade de escrever para o Produzindo.net, um blog que admiro muito e sempre acompanho. Fiquei muito feliz em colaborar e torço para que o texto possa nortear, ainda que de forma bem básica, alguns de nossos leitores e seus anseios. Tenham todos uma ótima semana. Forte abraço.
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Conrado Navarro, 27, é consultor de finanças pessoais e investimentos. Com formação técnica e MBA Executivo pela UNIFEI, ministra palestras, mini-cursos e workshops para empresas, comunidades e estudantes em toda região Sudeste. É sócio-fundador do Dinheirama – www.dinheirama.com – onde mantém artigos, opiniões e grande parte de seu trabalho disponível de forma gratuita.
Gostaria de entender um pouco mais de ações, porque consigo juntar dinheiro fácil… Mas acabo deixando tudo em uma poupança mesmo.
uhm à algum tempo eu estava se preparando para dar uma voltar no mundo das ações…
achei muito interessante sua dica e volto repensar nesse assunto.